Fatores de risco modificáveis e a demência: quase metade dos casos pode ser prevenida

No Brasil, 48% dos casos de demência estão relacionados a fatores de risco modificáveis, ou seja, aspectos que podem ser prevenidos ou controlados com mudanças nos hábitos de vida e políticas públicas direcionadas. Esse dado foi apresentado pelo “Relatório Nacional sobre a Demência 2024”, do Ministério da Saúde, que também apontou que, em 2019 havia 2,46 milhões de pessoas vivendo com a doença no Brasil.

A demência é, em geral, uma condição clínica progressiva, caracterizada pelo comprometimento de um ou mais domínios cognitivos, resultando no declínio funcional do indivíduo. A principal causa é a doença de Alzheimer (DA), responsável por até 70% dos quadros demenciais4. Potencialmente, 40% dos casos da condição podem ser atribuíveis a 12 fatores de risco modificáveis, conforme apresentado em artigo recente da comissão para o tema da revista The Lancet5.

Entre os principais fatores de risco modificáveis estão a hipertensão, diabetes, obesidade, sedentarismo, tabagismo, consumo excessivo de álcool, depressão, isolamento social, perda auditiva e baixa escolaridade. Tatiana Branco, diretora médica, explica que as intervenções nessas áreas podem ter um impacto significativo. “Embora seja impossível eliminar completamente esses fatores de risco, é fundamental que as políticas públicas de prevenção à demência tenham 12 objetivos bem definidos, priorizando os mais relevantes em cenários com recursos limitados”, ressalta a especialista.

Além de fatores como a escolaridade e o controle de doenças crônicas, é essencial estimular o convívio social e a prática de atividades físicas e culturais, que também desempenham um papel preventivo contra o declínio cognitivo. Tatiana Branco aponta que, em grandes cidades, a oferta de espaços para essas atividades é crucial: “A ampliação de acesso a equipamentos culturais, a espaços para práticas esportivas e atividades de convivência social tem um impacto direto na promoção de saúde e bem-estar, prevenindo o avanço do Alzheimer e doenças correlatas.”

Combinando intervenções individuais e políticas públicas, o Brasil pode se preparar melhor para o desafio de envelhecer de maneira saudável e com qualidade de vida. “Precisamos de um equilíbrio entre a responsabilidade individual, com cada pessoa cuidando de seus fatores de risco, e políticas públicas que promovam um ambiente mais favorável a uma vida saudável”, conclui a médica.

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