Veja o que se sabe sobre a investigação da PF que tem como alvo a vereadora Tatiana Medeiros
A Polícia Federal deflagrou na última terça-feira (17) a Operação Escudo Eleitoral que investiga a atuação de facções criminosas no processo eleitoral das eleições municipais de 2024. Em Teresina, foram cumpridos 4 mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos investigados.
Um dos pontos alvos da operação foi a sede do Instituto Vamos Juntos, fundado pela vereadora eleita Tatiana Medeiros (PSB). Tatiana Medeiros foi eleita pela primeira vez nas eleições de 2024 com 2.925 votos.
De acordo com a Polícia Federal, as investigações começaram logo após a divulgação dos resultados das eleições, quando surgiram indícios de vínculos entre um candidato eleito ao cargo de vereador na capital piauiense e uma possível liderança de organização criminosa (ORCRIM).
As investigações apontaram que a vereadora é namorada de Alandilson Cardoso Passos, preso e investigado na operação 64 do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc).
Segundo o delegado Samuel Silveira, Alandilson responde por crimes de tráfico de drogas, roubo qualificado e posse irregular de arma de fogo. Ele seria ligado a uma facção criminosa que atua na capital.
Até o momento, cerca de R$ 100 mil foram apreendidos durante o cumprimento dos mandados, além de telefones, computadores e documentos. Na fundação, residência e escritório de advocacia.
A apuração também investiga crimes de lavagem de dinheiro, com suspeitas de que recursos provenientes de facções criminosas teriam sido usados no financiamento de campanhas eleitorais. Esse esquema poderia comprometer a integridade do processo democrático.
No pleito de 2024, a bandeira levantada pela vereadora foi do ativismo social e a religiosidade. O Instituto Vamos Juntos atende famílias em vulnerabilidade social, localizado na Avenida Boa Esperança, na zona Norte de Teresina.
A organização não-governamental presta atendimento psicológico e jurídico a pessoas carentes da região. A vereadora e advogada tem usado as redes sociais para divulgação do trabalho do instituto.
Vereadora é diplomada e se pronuncia sobre investigação
A vereadora eleita de Teresina, Tatiana Medeiros (PSB), minimizou nesta quarta-feira (18) as buscas realizadas pela Polícia Federal (PF) na sede do Instituto Vamos Juntos, fundado por ela. Segundo a futura parlamentar, tudo será esclarecido por seus advogados.
“Eu continuo de cabeça erguida, como sempre estive, esperando que a Justiça seja feita e claro, com certeza tudo vai ser esclarecido, os advogados já estão cuidando de tudo e no momento certo vai ser esclarecido todas as especulações”, afirmou Tatiana Medeiros.
A fala pública da futura parlamentar sobre as suspeitas de envolvimento com crimes ocorreu durante a cerimônia de diplomação dos candidatos eleitos na capital. O evento, realizado na antiga sede do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI), reuniu o prefeito e o vice-prefeito eleitos, vereadores eleitos e suplentes.
Na ocasião, Tatiana Medeiros afirmou que aproveitará o mandato para atuar ainda mais em políticas sociais. “Estou aqui para aprender e com certeza trabalhar muito mais por Teresina. Temos um trabalho com 700 crianças, onde acolhemos, educamos e trabalhamos a questão psicológica, então com certeza iremos trabalhar muito mais”, concluiu.
Prisão do namorado da vereadora
Alandilson Cardoso Passos foi preso no dia 14 de novembro deste ano em um hotel em Belo Horizonte (MG). Ele é alvo da Operação Denarc 64 deflagrada pelo Denarc. Ele estava acompanhado da vereadora eleita Tatiana Medeiros (PSB) e já estava com passagem comprada para viajar a São Paulo.
Nesta operação, foram interditadas nove empresas e apreendidos 190 veículos em investigação sobre lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. Um total de 20 pessoas – entre empresários, uma médica e namorado de uma vereadora – foram alvos da operação em Teresina, Floriano, Barão de Grajaú (MA) e João Pessoa, na Paraíba. Segundo a Polícia, a organização movimentou mais de R$ 2,1 bilhões.
“TSE está preocupado com infiltração de facções nas câmaras municipais”, diz presidente do TRE
O presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Piauí, Desembargador Sebastião Ribeiro Martins, revelou em entrevista que a corte eleitoral brasileira está preocupada com a presença de facções criminosas nas câmaras municipais brasileiras.
Foto: Renato Andrade / Cidadeverde.com
O gestor chegou a citar nominalmente duas facções, o Primeiro Comando da Capital, de São Paulo, e o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro. As duas organizações criminosas atuam em todo o Brasil. O desembargador Sebastião Ribeiro Martins demonstrou preocupação com o cenário.
“Eu tenho conhecimento, sim, que em todo o Brasil, alguns estados do Brasil, alguns candidatos foram eleitos com o dinheiro do crime organizado. Isso está sendo averiguado, apurado ainda, mas a princípio não impede a diplomação de nenhum candidato. Essa é uma preocupação da Justiça Eleitoral hoje no país. Foi uma grande preocupação do TSE, porque se verificou que nas câmaras de vereadores estava havendo filtração do PCC, comando vermelho, para eleger determinados candidatos a vereadores em todo o Brasil”, afirmou.
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