“Se ele cobrar 50 de nós, vamos cobrar 50 deles”, diz Lula sobre tarifas de Trump

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu ao tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra produtos brasileiros. Em tom de enfrentamento, Lula afirmou que o Brasil adotará medidas de reciprocidade. “Se ele cobrar 50% de nós, vamos cobrar 50% deles”, declarou.

A fala aconteceu nesta quinta-feira (10), em entrevista concedida à TV Record. A medida americana foi duramente criticada pelo presidente brasileiro, que responsabilizou o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL) pela escalada das tensões. Segundo Lula, a influência do filho do ex-presidente sobre Trump teria contribuído para a adoção das tarifas contra o Brasil.

Apesar do tom crítico, Lula destacou que a relação entre Brasil e Estados Unidos é amistosa há 201 anos. Ainda segundo o petista, o Brasil é um país pacífico “que não entra em conflito com outros países”, no entanto, ele foi direto ao condenar atitudes do presidente americano. “Se o que o Trump fez no Capitólio ele tivesse feito aqui no Brasil, ele estaria sendo processado como o Bolsonaro, e arriscado a ser preso”, afirmou, em referência à invasão do Congresso americano em 6 de janeiro de 2021, protagonizada por apoiadores de Trump.

Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilO presidente Lula da Silva em cerimônia no Palácio da Alvorada

O presidente Lula da Silva em cerimônia no Palácio da Alvorada

Durante a entrevista, Lula também rebateu críticas de congressistas republicanos que apontam supostas violações de direitos humanos e censura no Brasil. “Quem quiser fazer negócio aqui deve respeitar as leis brasileiras”, afirmou o presidente. Ele negou qualquer interferência no Supremo Tribunal Federal (STF) e destacou a autonomia do Judiciário.

Ao abordar a balança comercial, Lula acusou os Estados Unidos de serem os maiores beneficiados no comércio bilateral e disse que Trump aplica políticas protecionistas não apenas contra o Brasil, mas contra o mundo inteiro. O presidente informou que o comércio com os EUA representa apenas 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e que o país buscará novos parceiros comerciais, especialmente na Ásia. Uma reunião com líderes asiáticos está prevista para outubro.

Além disso, Lula anunciou a criação de um comitê com empresários brasileiros para monitorar os desdobramentos da guerra comercial. O governo também avalia acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar as medidas americanas. “Se isso não funcionar, entraremos com a reciprocidade”, afirmou.

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