Mais de 500 toneladas de frutos do mar deixam de embarcar para os EUA
A guerra comercial imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil começa a causar prejuízos antes mesmo da entrada em vigor da nova tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, prevista para 1º de agosto. Um dos setores mais afetados de forma imediata é o da indústria de pescados, que já contabiliza mil toneladas de peixe retidas nos portos do país devido ao cancelamento ou suspensão de pedidos com destino ao mercado americano.
Segundo Jairo Gund, diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), 58 contêineres estão parados nos portos, sem perspectiva de embarque. Ele alerta para o impacto profundo, especialmente na pesca artesanal, e descarta a possibilidade de queda nos preços no mercado interno.
— Já estamos sentindo reflexos na base, na praia. A pesca artesanal será duramente atingida, porque não há alternativa de destino para alguns tipos de pescaria. E ao contrário do que muitos pensam, não haverá redução de preço. Haverá redução em toda a cadeia. Estamos entrando no principal período de produção de tilápia, entre agosto e outubro, e com os mercados fechados, haverá desestímulo na produção primária. Isso, em seis a oito meses, vai resultar em escassez no mercado interno — afirmou.
A situação se agrava pelo fato de que, desde 2017, o Brasil enfrenta um embargo para exportar pescados à União Europeia. Cerca de 70% da produção destinada à exportação tem como destino os Estados Unidos, segundo a Abipesca. Com a nova tarifa, o setor teme um colapso: paralisação das compras de pescadores artesanais, suspensão de investimentos e demissões em massa nas indústrias exportadoras.
Outra entidade que manifestou preocupação foi a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), que classificou a tarifa como um golpe duro ao ambiente de negócios do Brasil. Em nota, a associação destacou que o impacto não se limita aos produtos finais, atingindo toda a cadeia produtiva e prejudicando um setor que tem os EUA como mercado estratégico.
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