Produção de Coca-Cola com açúcar de cana pode favorecer o Brasil

O possível aumento na importação de açúcar pelos Estados Unidos pode ocorrer após o lançamento de uma versão da Coca-Cola feita com sacarose de cana. O anúncio foi feito na terça-feira (22) e anima o setor sucroalcooleiro brasileiro, em meio à tensão com a tarifa de 50% sobre exportações para os EUA, prevista para 1º de agosto. Hoje, a Coca-Cola americana usa xarope de milho, mais barato. Dias antes, Donald Trump disse nas redes sociais que vinha conversando com a empresa para apoiar a mudança.

Segundo a Datagro, a demanda pode crescer até 1,5 milhão de toneladas por ano, se a troca for total. “Se for gradual, o impacto será menor”, explica Plínio Nastari, presidente da consultoria. O mercado mundial consome 194 milhões de toneladas, mas só 56 milhões são negociadas internacionalmente. A previsão para 2025/2026 é de superávit de 900 mil toneladas — o que pode virar déficit com a nova demanda.

Desde 1985, toda a produção de Coca-Cola nos EUA usa xarope de milho, que custa um terço do valor do açúcar refinado. Ainda assim, há consumidores que preferem pagar mais caro pela versão com sacarose feita no México. O Brasil, maior produtor mundial, fabricou 46 milhões de toneladas em 2023/2024 e exportou 35,2 milhões. Já os EUA produzem cerca de 9,3 milhões e precisam importar 3,8 milhões de toneladas.

Em 2024, o Brasil embarcou 876 mil toneladas para os EUA. Se a tarifa de 50% entrar em vigor, o custo extra pode chegar a US$ 27,9 milhões por ano, impactando o consumidor americano. Outros grandes exportadores, como México, Tailândia e Austrália, já têm mercados cativos na Ásia. Para especialistas, o Brasil continuará sendo o principal fornecedor para atender a nova demanda.

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