Casal sobrevivente de acidente aéreo na BR- 316 envolvendo médico Jacinto Lay presta depoimento à PF

O casal que estava na motocicleta atingida pelo avião do médico Jacinto Lay,  Keliane Pereira de Santos, 27 anos, e Jardel Ramiro compareceu à Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (12) para prestar depoimento sobre o atropelamento. Eles foram atingidos após pouso forçado da aeronave conduzida pelo médico, no dia 8 de setembro, entre os bairros Lourival Parente e Parque Piauí, na zona Sul de Teresina.

Com dificuldades, Keliane Santos relatou o seu processo de recuperação vivido desde o dia do acidente. A jovem afirma não ter lembranças recentes de sua vida e que nos últimos seis meses precisou passar por um longo processo de reabilitação para lembrar inclusive da própria filha.

“Não é muita coisa que eu consigo lembrar. Consigo lembrar de quando eu era adolescente, quando era criança, consigo lembrar dessas coisas, mas a parte mais difícil para mim foi a questão da minha filha porque eu não lembrava dela. Eu olhava para ela e dizia “oxe, quem é aquela menina?” Eu comecei a rejeitar ela e foi depois que eu comecei a lembrar. Depois que comecei a ver e entender que ela é minha filha”, explica.

Keliane estava na garupa de uma motocicleta pilotada pelo seu marido. O acidente ocorreu quando a aeronave se chocou com o motociclista e uma van antes de colidir em uma parada de ônibus. Pilotando a motocicleta, o marido de Keliane, Jardel Ramiro, afirma que avistou o avião vindo em direção ao casal e que teria puxado o veículo para direita na tentativa de evitar a colisão.

“Minhas lembranças são todas. Do acidente a memória lembra de tudo. O que mais me chocou foi a gente pedir socorro e a população só querendo filmar. No momento em que ele tocou na van, rodou para trás da van e eu consegui puxar para o lado direito. Infelizmente ainda triscou nela e jogou a gente para o acostamento. Desespero pedindo ajuda até chegar os paramédicos. Eu também sou muito grato a duas pessoas que me ajudara, anjos, que quando caímos disseram que iam ficar com ela, para eu ir atrás de ajuda que ninguém mexeria com ela. Quero até agradecer. Eles foram essencial no momento do acidente”, conta o esposo.

Atualmente, Keliane Santos é acompanhada apenas por uma fisioterapeuta que auxilia no processo de recuperação motora. Recentemente, Keliane conseguiu evoluir e hoje tem força para dar alguns passos. Mesmo feliz por estar viva, ela não sente esperança em recuperar sua vida anterior ao acidente.

“Às vezes eu penso em ajudar a minha mãe em casa, fazer uma coisa ou outra, mas é mesmo que nada. Eu tento, mas quando chego no momento o movimento não sai. Agora eu fico de pé e consigo dar alguns passinhos. Espero sair dessa situação. De voltar a minha vida que eu tinha, era uma vida corrida, mas era minha vida. Era o que eu conseguia fazer, ajudar minha mãe, mas não consigo mais. Não tenho mais essa expectativa de ajudar ela, de ser uma pessoa como eu era antes”, desabafa.

O casal prestou depoimento na sede da Polícia Federal e agora aguarda o próximos passos da polícia. Os dois tem dois filhos e sentem que nasceram novamente.

“Esperamos o que for viável. O que for do nosso direito. Somos sobreviventes. É uma nova data para comemorar, um novo aniversário”, afirma Jardel.

O advogado da família compareceu junto ao casal durante o depoimento. Ele afirma que a defesa aguarda a conclusão do inquérito para tomar decisões, incluindo o pedido de uma possível indenização.

“A gente espera que seja concluída a causa do acidente. Se foi falha mecânica, se foi falha humana, precisamos saber da situação da Keliane. Como ela já demonstrou, ela não goza 100% das suas condições físicas para se locomover e trabalhar, além da situação mental também. Ela anda muito confusa. Cheguei e ela não me reconheceu. Tudo ela depende de terceiros. Depois da conclusão do inquérito vamos conversar sobre esse assunto (indenização)”, encerra o advogado.

O advogado também esclareceu que não tem contato com a família do médica, apenas a advogada que representa a família que tem dado respostas aos questionamentos feitos até aqui.

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