conheça o perfil de Leão XIV o novo papa
“Habemus Papam!” Foi com essa expressão tradicional que, nesta quinta-feira (8), o Vaticano anunciou a eleição do novo líder da Igreja Católica. A fumaça branca saiu da Capela Sistina no segundo dia de conclave, indicando que os cardeais chegaram a um consenso: o norte-americano Robert Francis Prevost é o novo papa, escolhendo o nome de Leão XIV.
Aos 69 anos, Leão XIV entra para a história como o primeiro pontífice dos Estados Unidos e o segundo vindo do continente americano, sucedendo o argentino Francisco. A eleição ocorreu na quinta votação do conclave, 17 dias após a morte de Francisco, vítima de um AVC e insuficiência cardíaca.
Um americano com alma latina
Natural de Chicago, Prevost tem raízes familiares europeias e hispânicas, e trilhou grande parte de sua carreira religiosa no Peru, onde atuou por mais de duas décadas. Foi missionário, professor, vigário judicial e bispo, tendo servido em comunidades periféricas e enfrentado momentos políticos turbulentos, como o regime de Alberto Fujimori. Também se destacou por seu envolvimento na Conferência Episcopal Peruana e pela defesa de vítimas de abusos na Igreja — tema que marcou a principal crise de sua trajetória em 2023, quando foi acusado de ter demorado a agir diante de denúncias contra dois padres. O caso ainda é investigado pelo Vaticano.
De perfil discreto e avesso aos holofotes, Leão XIV tem formação sólida em teologia e direito canônico. Pertencente à Ordem de Santo Agostinho, é o primeiro papa agostiniano da história moderna. Seus votos religiosos remontam a 1978, e sua ordenação sacerdotal ocorreu em 1982. Entre 2001 e 2013, foi prior geral da ordem agostiniana.
Em 2014, foi nomeado administrador da Diocese de Chiclayo, onde atuou por nove anos. Posteriormente, foi promovido por Francisco a prefeito do Dicastério para os Bispos e presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, cargos estratégicos na estrutura do Vaticano.
Continuidade e desafios
Leão XIV assume o trono de Pedro em um momento de transição para a Igreja, marcada pela perda gradual de fiéis em várias partes do mundo e pela alta popularidade de seu antecessor. Sua eleição indica um desejo de continuidade em relação às reformas pastorais e administrativas promovidas por Francisco, com quem mantinha relação próxima.
Durante o último período de internação de Francisco, foi Prevost quem conduziu, na Praça de São Pedro, o rosário público em oração pela saúde do pontífice. Poucos meses depois, assume a liderança da Igreja com o lema episcopal “In Illo uno unum”, “No Único, somos um”, em referência a Santo Agostinho.
Agora, com o nome de Leão XIV, o novo papa será o rosto da Igreja Católica para mais de 1,3 bilhão de fiéis ao redor do mundo. Caberá a ele a missão de equilibrar tradição e renovação, respondendo à expectativa por uma Igreja mais próxima, justa e transparente, sem perder o espírito reformista que marcou os últimos doze anos.