Defesa diz que prisão da vereadora Tatiana Medeiros é arbitrária; OAB afirma que ato pode ser anulado
A defesa da vereadora Tatiana Medeiros (PSB), presa na manhã desta quinta-feira (3) na segunda fase da Operação Escudo Eleitoral, realizada pela Polícia Federal, afirma que a prisão da parlamentar é arbitrária e que não há elementos no processo que a justifiquem.
Tatiana Medeiros é defendida pelos advogados Bruno Macedo, criminalista, Edson Araújo, especialista em direito eleitoral, e Delano Sousa, perito em provas digitais. Os três falaram com a imprensa na sede da Superintendência da Polícia Federal em Teresina.
O advogado Edson Araújo disse que ainda não teve acesso às atualizações nos autos do processo, mas afirmou que, até ontem, não havia ali nenhum elemento que justificasse a prisão de Tatiana Medeiros.
“Pelo que está nos autos até hoje, pelo que foi visto até agora, [a prisão] é uma decisão completamente arbitrária. Porque não tem os motivos para uma prisão preventiva, ela não ameaça a investigação, ela sempre esteve à disposição, ela não tem nenhum dos requisitos para isso. Mas, repito, eu não tive acesso aos autos completos. No momento ela está bem, de cabeça erguida, é uma mulher muito corajosa.”, disse.
A defesa nega que a vereadora tenha cometido crime eleitoral ou que tenha recebido recursos de facção criminosa.
‘Como crime eleitoral se não tem eleição? Não tem sentido isso! É uma maluquice, sinceramente, é uma maluquice. Eu tenho mais de 20 anos de advocacia, é um inquérito policial que se prolonga desde setembro e que, em tese, estaria hoje, abril de 2025, procurando compra de votos. Isso não tem sentido!”, disse o advogado.
Sobre a relação entre a vereadora Tatitana Medeiros e o Alandilson Cardoso o advogado preferiu não comentar.
“Eu não sou advogado do companheiro dela e gostaria de não me manifestar sobre isso. Ela não tem nenhuma relação com o fato criminoso apontado pela Polícia Federal. Ela nunca escondeu que tem uma relação pessoal [com Alandilson]. Ela não pode, em tese, ser relacionada com os atos de outra pessoa”, disse.
Durante a operação foram aprendidos um celular e um tablet na residência da vereadora, mas segundo o seu advogado os objetos já foram devolvidos.
Tatiana Medeiros é investigada pela Polícia Federal por compra de votos e por supostamente receber recursos relacionados a facções criminosas. Ela sempre negou as acusações. Alandilson Cardoso, namorado da vereadora, é apontado como líder de uma facção criminosa que atua em Teresina. Ele está preso no estado de Minas Gerais desde novembro do ano passado, quando foi alvo de uma operação do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc). Na ocasião de sua prisão, a vereadora estava com Alandilson em um hotel.
Para a OAB, o ato de prisão da vereadora, que também é advogada, pode ser anulado.
O advogado Leonardo Queiroz, presidente da Comissão de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Piauí (OAB-PI), afirmou que a Polícia Federal não cumpriu o que determina a Constituição Federal. A OAB não acompanhou o cumprimento dos mandados de prisão da vereadora e de busca e apreensão em sua residência, como deve ocorrer quando advogados são alvo dessas medidas.
Foto: Adriana Magalhães / Cidadeverde.com
Leonardo Queiroz e Carolina Barrso, da Comissão de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PI)
“O nosso ordenamento jurídico nos dá essa garantia, a vereadora é uma advogada e exerce sua função como advogada. A OAB já está agindo desde o primeiro momento que tomou conhecimento da prisão da vereadora pela mídia, e não pela via que deveria ter sido comunicada. Desde então estamos dando todo o suporte institucional para a vereadora a advogada Tatiana Medeiros”, disse o advogado Leonardo Queiroz.
Nesta sexta-feira (4), a vereadora será levada para audiência de custódia no Tribunal Regional Eleitoral do Piauí (TRE-PI). Na ocasião, ela será ouvida pelo juiz Luís Henrique Moreira Rego, que decidirá se a parlamentar será posta em liberdade ou se continuará presa.
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