Estudantes de intercâmbio nos EUA querem voltar para fazerem universidade
Após participar por um mês de um intercâmbio nos Estados Unidos, os estudantes Artur Hanry Barros Silva, Paulo Victor Alves de Oliveira e Paulo Victor das Neves e William Rafael Soledade (Will), compartilham agora um novo sonho: fazer um curso superior no exterior. Os quatro estudam no Centro Estadual de Educação Profissional João Mendes Olímpio de Melo, o Premen/Norte, e integram a equipe da escola premiada no Seduckathon.
Os estudantes estiveram no estado de Massachusetts em outubro de 2024 e voltaram com uma boa impressão de lá. Eles se surpreenderam com a hospitalidade norte-americana e com a organização das cidades que conheceram. O estudante Arthur disse que se surpreendeu com como os americanos lidam com o lixo.
“Em um mês lá eu só vi uma sacola voando na rua, num dia em que estávamos em uma atividade externa no Centro da cidade, onde o fluxo de pessoas e veículos é maior. No restante do tempo, não se vê um papel na rua, nada, nadinha, o máximo que vemos são as lixeiras, bem fechadas, nas portas das casas, na área residencial, na área comercial nem vemos as lixeiras diante das lojas”, disse.
Já Will disse que se surpreendeu com a gentileza dos norte-americanos e como eles respeitam as pessoas e seus direitos.
“Eles são muito educados. Se eles passam perto de você, eles se desculpam por estar tão perto de você. Eles nem sequer toparam em você e já estão dizendo ‘sorry’ [desculpa, em inglês]. Isso me deixou muito impactado, porque aqui no Brasil não funciona assim, as pessoas até pedem desculpa quando topam na gente, mas não chega nem perto do nível de preocupação que eles têm lá de não invadir o seu espaço”, disse.
Os quatro guardam o desejo de retornar aos Estados Unidos para fazer um curso superior.
Foto: Renato Andrade / Cidadeverde.com
“A gente, quando está aqui no Brasil, acha que é quase impossível conseguir isso, mas quando chegamos lá percebemos que existem várias possibilidades. A cidade em que estivemos e, até na escola onde estivemos, existem muitos brasileiros e já entendemos como funciona o processo de seleção das universidades americanas. Além disso, o escritório da Investe Piauí está nos dando apoio neste sentido, de buscar oportunidades para continuarmos nossos estudos lá. E eu estou muito empolgado com isso”, disse Will.
O desejo de cursar o ensino superior fora do Brasil ficou mais forte quando os jovens piauienses fizeram um mergulho no modelo norte-americano de ensino. Durante o intercâmbio eles tiveram a oportunidade de experimentar o modelo de High School ofertado aos estudantes de lá, que mescla conteúdos que prepararam para o ingresso no ensino superior, mas também dão aos estudantes uma oportunidade de aprender uma profissão e ingressar no mercado de trabalho após a conclusão do ensino médio.
Nas quatro semanas de intercâmbio, eles participaram de cursos rápidos, com duração de cinco dias cada, onde puderam aprender novos conhecimentos e experimentar as atividades ofertadas aos estudantes americanos no sistema de High School, que é equivalente ao ensino médio no Brasil. A escola em que eles ficaram baseados ofertava 22 cursos, em diversas áreas, para estudantes do ensino fundamental e médio.
Foto: Arquivo Pessoal
Na primeira semana eles participaram de um curso de empreendedorismo, que ensinou sobre gerenciamento de carreira e o uso das redes sociais para ofertar seu trabalho e conquistar novos clientes. Nas semanas seguintes eles puderam escolher alguns dos cursos disponíveis na escola à comunidade estudantil.
A estrutura do ensino ofertado nos Estados Unidos impressionou os alunos piauienses. Lá cada estudante dispõe de um computador, para uso individual nas atividades escolares. Isso deixou os estudantes impactados. Além disso, eles dispõem de laboratórios e oficinas modernos, que competem em pé de igualdade com as empresas disponíveis no mercado norte-americano.
A oficina mais aguardada foi a de programação, que é o foco do curso que eles fazem no Piauí. Eles contaram que se destacaram nessa oficina e que seu desempenho chegou a surpreender alguns alunos americanos.
“Fizemos um trabalho em Arduíno [uma linguagem de programação] utilizada para controlar braços mecânicos, como os utilizados nas linhas de montagem de automóveis, por exemplo. Em dois dias conseguimos fazer com que a máquina atendesse aos nossos comandos, e um aluno americano se surpreendeu com isso, porque ele já estava há uma semana tentando obter o mesmo resultado e não conseguiu”, disse Artur.
Os intercambistas ficaram hospedados no campus da Assumption University. Os professores ocuparam o piso inferior, os meninos o primeiro andar e as meninas o segundo andar do edifício.
Cada quarto abrigava de um a três estudantes. Segundo os alunos, o quarto era bem espaçoso e contava com área para descanso e estudo. Os banheiros eram coletivos e estavam disponíveis em cada andar. Eles também contavam com espaço para preparar pequenas refeições, como lanches e se alimentavam no refeitório da instituição. A alimentação foi um capítulo à parte. A comitiva do Piauí aproveitou muito o cardápio norte-americano que mistura pratos de café da manhã e almoço, assim como acontece aqui no Piauí.
“As pessoas pensam que fomos para lá a passeio, mas tivemos pouco tempo para passear e conhecer as cidades próximas. Nossa agenda era bem apertada e até mesmo os momentos de lazer eram programados pela organização do intercâmbio e foram experiências riquíssimas. Visitamos a sede do Google e o MIT [Massachusetts Institute of Technology], lugares onde nunca pensamos entrar na vida”, disse Artur Hanry.
Os estudantes também destacaram a beleza natural da cidade onde ficaram hospedados.
“Eu vi esquilo. Era comum vermos esquilos passando pelo campus. Um bichinho que não temos aqui e que só vemos mesmo pela televisão. A densidade da natureza também enchia os olhos da gente. Eu não me cansava de olhar, a cidade é meio cercada de bosque, as casas também tem jardins e a variedade de plantas é bem diferente do que estamos acostumados a ver aqui”, disse Pedro Victor Oliveira.
Após um mês fora do país, estudantes e professores voltaram com muitas ideias, algumas delas estão sendo trabalhadas por uma comissão de professores, que também viajou ao exterior com os estudantes, e podem ser implantadas no modelo de educação ofertado pelas escolas públicas estatuais no Piauí.
Segundo o professor Alan Ribeiro, os professores participaram de atividades ao lado dos alunos, mas tinham uma missão muito importante nos Estados Unidos, se qualificar para um processo de mudança que deve ocorrer no ensino médio no estado.
Foto: Renato Andrade / Cidadeverde.com
“Nós, professores, tivemos uma agenda a parte durante as quatro semanas em que estivamos nos Estados Unidos. Acompanhávamos os nossos alunos na abertura e no fechamento de cada curso semanal que eles fizeram lá e tínhamos a missão de visitar escolas de nível médio da região para trazer experiências que podem ser aplicadas aqui no nosso estado. Além disso, deixamos o lugar de professor e passamos pela experiência de aluno, o que também enriquece a nossa experiência”, explicou.
cidade verde