EUA incluem Brasil em lista de observação de tráfico humano

O Departamento de Estado dos Estados Unidos incluiu, nesta segunda-feira (29), o Brasil e a África do Sul em sua lista de observação de tráfico humano, alegando que ambos os países não demonstraram avanços suficientes no combate ao problema. A medida ocorre em meio a tensões crescentes entre os governos dessas nações e a administração Trump.

O relatório anual Trafficking in Persons (Tráfico de Pessoas) analisa os esforços globais contra o trabalho forçado, o tráfico sexual e outras formas de escravidão moderna. Publicado nesta segunda, quase três meses após o prazo inicial, o documento atrasou devido à demissão da maior parte da equipe responsável por sua elaboração.

Brasil e África do Sul foram rebaixados para a “Lista de Observação do Nível 2”, o que significa que precisarão demonstrar maior empenho ou poderão sofrer sanções dos EUA.

No caso brasileiro, o relatório reconheceu avanços, mas apontou que o governo abriu menos investigações e processos que em anos anteriores, e que os tribunais registraram uma queda no número de condenações por tráfico humano

Sobre a África do Sul, o documento destacou a criação da primeira força-tarefa subprovincial e o aumento das condenações, mas observou redução no número de vítimas identificadas, investigações e ações judiciais.

Em paralelo, Trump impôs tarifas ao Brasil e aplicou restrições de visto e sanções financeiras após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado próximo do republicano. Já em relação à África do Sul, o presidente acusou o país, sem apresentar provas, de perseguir a minoria branca, além de lançar um programa de refúgio específico para sul-africanos brancos e impor tarifas adicionais.

“O tráfico humano é um crime horrível e devastador que enriquece organizações criminosas transnacionais e regimes imorais e antiamericanos”, declarou o secretário de Estado Marco Rubio em comunicado. Ele não comentou diretamente as classificações de cada país, mas reforçou: “A administração Trump está dedicada a defender os valores americanos, proteger os trabalhadores americanos e fortalecer nossas comunidades”.

Diferente de anos anteriores, nenhum representante do Departamento de Estado foi disponibilizado para responder a perguntas da imprensa sobre o relatório.

Parlamentares democratas já haviam demonstrado preocupação com o atraso na divulgação. Em julho, o subsecretário de Estado para Gestão e Recursos, Michael Rigas, informou ao Congresso que o Escritório de Monitoramento e Combate ao Tráfico de Pessoas — responsável pela produção do relatório — sofreu uma redução de 71% no quadro de funcionários após cortes que atingiram mais de 1.300 servidores no início do ano. Questionado sobre a medida, Rigas defendeu os desligamentos, alegando que os profissionais dispensados atuavam principalmente na redação de relatórios.

meionorte

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