Famílias de presas denunciam a existência de “sala do piru” para castigos em presídio do Piauí

Familiares de presas denunciam que na penitenciária feminina de Teresina existe uma “sala do piru” (elas falam dessa forma) que serve para castigar detentas que não seguem as regras dentro da unidade prisional.

No último sábado (21), 14 presas fizeram exames de corpo de delito no IML após suspeitas de tortura. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ministério Público Estadual e o Conselho Penitenciário do Piauí investigam a denúncia.

Cidadeverde.com informou a Sejus sobre às denúncias e pediu providências sobre o caso, no entanto, a secretaria afirmou que a denúncia não procede.

A equipe do Cidadeverde.com teve acesso a áudios de mães e familiares de detentas que estão em um grupo de rede social, relatando supostos crimes de violação dos direitos humanos repassadas pelas presas durante as visitas.

As presas contam para os familiares que sofrem crimes de maus-tratos, tortura e que são punidas em uma sala que batizaram de “piru”. No relato, elas denunciam também o mau atendimento de uma servidora do presídio. Os depoimentos no grupo são bastante fortes e com graves denúncias.

“Tem 14 presas lá no piru (cela) sem banhar e sem higiene nenhuma. Eles não têm pena das meninas”, diz uma mãe em um áudio.

“Eles colocam na cela fechada que é o piru e jogam spray de pimenta, às vezes eles ainda desligam a água. Quando eles jogam spray de pimenta a nossa salvação é encher a boca de água para amenizar mais, usar uma toalha para colocar na cara para não respirar muito o spray. Tem gente que fica se engasgando, morrendo sem fôlego, eles não estão nem aí, as únicas que escapam são as grávidas que eles botam pra fora da cela”, diz uma ex-detenta que faz graves denúncias no grupo.

Irmã de uma das presas vem toda semana de Esperantina (187 km de Teresina) para visitá-la na penitenciária feminina. Ela contou que a irmã é dependente química, roubou uma bolsa e está presa há quatro meses. A irmã disse que ouve os relatos de maus tratos e até de recusa de entrega de medicamentos de presas doentes.

“O que sabemos é que eles levam elas para a sala do piru, ficam nuas e nós da família ficamos muito preocupadas. Às vezes entregamos material e elas recebem de forma incompleta”, disse a irmã em contato com Cidadeverde.com.

Na próxima terça-feira (1/10), familiares de presas vão fazer uma manifestação em frente a penitenciária feminina e da Secretaria Estadual de Justiça (Sejus).

 

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