Geraldo Alckmin diz que 36% das exportações aos EUA serão afetadas pelo tarifaço
O vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta quarta-feira (30) que 35,9% das exportações brasileiras aos Estados Unidos serão atingidas pelas novas tarifas impostas pelo governo americano. Apesar do decreto assinado pelo presidente Donald Trump, Alckmin disse que o Brasil ainda vê espaço para negociação.
“A negociação não terminou hoje, ela começa hoje”, destacou Alckmin.
Segundo ele, a medida trará prejuízos tanto para o Brasil quanto para os Estados Unidos, classificando a ação como um “perde-perde”.
“Nos atrapalha em mercado, emprego e crescimento, e encarece os produtos americanos”, afirmou.
Café, frutas e exceções
O tarifaço prevê alíquotas de até 50% sobre produtos brasileiros, mas também incluiu 694 exceções, beneficiando setores estratégicos como o aeronáutico, energético e parte do agronegócio. Segundo cálculos da Amcham Brasil, cerca de 43% das exportações brasileiras em 2024 não serão impactadas.
Mesmo assim, Alckmin adiantou que o governo trabalhará para excluir outros produtos agrícolas da nova tarifa, com destaque para frutas como manga e para o café arábica, que tem grande demanda no mercado americano.
“Eles precisam do nosso café arábica para o blend. Eles não produzem café. Vamos trabalhar para baixar a tarifa”, disse o vice-presidente.
Proteção à indústria e empregos
Alckmin também informou que o governo está finalizando um plano para proteger empregos e a produção nacional nos setores mais afetados pelo tarifaço. Segundo ele, o presidente Lula vai bater o martelo nos próximos dias sobre o conjunto de medidas.
“Ninguém vai ficar desamparado. Vamos lutar para diminuir os impactos”, afirmou, citando setores como pescado, mel, frutas, carne bovina e especialmente a indústria, que possui forte dependência do mercado americano.
Caso Moraes e soberania
O vice-presidente também comentou as sanções impostas pelo governo Trump ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, com base na Lei Magnitsky. Alckmin reforçou a defesa da soberania nacional e da separação entre os poderes, alinhando-se à nota emitida por Lula em solidariedade ao ministro.
“É inaceitável a interferência dos Estados Unidos no Judiciário brasileiro”, afirmou o presidente em nota oficial.
A tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos agora entra em uma nova fase, e o governo brasileiro aposta no diálogo para evitar prejuízos maiores à economia e ao setor produtivo.