Juíza mantém julgamento de empresário acusado de matar esposa e forjar suicídio

A juíza Maria Zilnar Coutinho Leal, da 2ª Vara do Tribunal Popular do Júri de Teresina, decidiu manter a pronúncia de Eliésio Marinho, empresário acusado de feminicídio contra Kamila Carvalho. A decisão foi proferida na sexta-feira (22) de agosto e garante que o caso siga para julgamento pelo Tribunal Popular do Júri.

Eliésio Marinho havia recorrido da decisão alegando insuficiência de provas, falhas nos laudos periciais e a improcedência de alguns crimes imputados, incluindo a tentativa de aplicar o princípio da consunção à posse ilegal de arma de fogo.

O Ministério Público defendeu a manutenção da pronúncia, destacando que as provas nos autos comprovam o crime e apontam o acusado como autor.

A juíza enfatizou que a pronúncia não exige certeza absoluta, apenas indícios suficientes de autoria e materialidade.

“A pronúncia encerra simples juízo de admissibilidade da acusação, exigindo apenas exame da ocorrência do crime e indícios de autoria, não sendo necessária a certeza exigida para condenação”, declarou na decisão.

Sobre a posse ilegal de arma, a decisão ressaltou que o crime é independente do homicídio, e as qualificadoras do feminicídio permanecem válidas para apreciação do Conselho de Sentença.

O caso de Kamila Carvalho

Kamila Carvalho, de 22 anos, foi encontrada morta em seu quarto na Avenida Campo Maior, bairro Aeroporto, na madrugada do dia 20 de outubro de 2023. Ela estava caída ao lado da cama, com uma faca na mão e uma pistola próxima ao corpo.

Após o crime, Eliésio Marinho ligou para o advogado, alegando que a esposa havia cometido suicídio. O advogado acionou a polícia, mas o empresário evadiu-se com a filha antes da chegada das autoridades. Eliésio foi preso durante o seu depimento, três dias após a morte de Kamila.

A investigação descartou a tese de suicídio, apontando que não havia pólvora na mão da vítima, a distância do disparo era incompatível e havia indícios de manipulação do local do crime.

Durante a audiência, Eliésio negou a autoria e manteve a versão do suicídio. Em 13 de junho deste ano, ele foi pronunciado para julgamento pelo Tribunal Popular do Júri, respondendo ainda por fraude processual e posse ilegal de arma de fogo de uso restrito.

Prisão pelo Denarc

O empresário também foi preso no dia 31 de julho pelo Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc) na Operação Denarc 59 – Capital Oculto, quando foram cumpridas 76 ordens judiciais em diversos bairros de Teresina. 

Ele é suspeito de participar de esquema de lavagem de dinheiro ligado a uma facção criminosa, ligada a Alandilson Cardoso, namorado da vereadora Tatiana Medeiros.

De acordo com a Polícia Civil, o empresário usava sua concessionária de carros de luxo como disfarce para lavar dinheiro em benefício da organização criminosa. Ele também é investigado por possíveis envolvimentos em fraudes bancárias.

cidadeverde

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