Lula cobra países ricos por verbas contra a fome e critica ajuste fiscal de gastos sociais
Em discurso na reunião do Conselho de Campeões da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e da abertura do Fórum Mundial de Alimentação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou as medidas de ajuste fiscal que afetam gastos sociais. No evento, realizado nesta segunda-feira (13) em Roma, na Itália, o petista cobrou que os países ricos e instituições multilaterais destinem mais recursos para combater a fome.
“Vivemos em um mundo hiper conectado. […] Mas, a persistência da fome e da pobreza são as provas mais dolorosas de que falhamos como comunidade global”, afirmou Lula.
Na ocasião, o presidente também criticou a falta de políticas públicas contra fome, altos gastos militares e a falta de comprometimento dos países desenvolvidos com os mais pobres. Para ele, “garantir três refeições diárias a todas as pessoas custaria cerca de US$ 315 bilhões, isso representa apenas 12% dos US$ 2,7 trilhões consumidos anualmente com gastos em armas”, declarou.
“A fome é irmã da guerra, seja ela travada com armas e bombas ou com tarifas e subsídios. Conflitos armados, além do sofrimento humano e da destruição da infraestrutura, desorganizam cadeias de insumos e alimentos. Barreiras e políticas protecionistas de países ricos desestruturam a produção agrícola no mundo em desenvolvimento”, defendeu Lula.
Diferente da bandeira levantada por Lula em seu discurso, o cenário doméstico brasileiro é a cobrança para que o governo reduz as despesas para cumprir metas de equilíbrio das contas públicas. Ele também criticou a redução em 23% em relação aos níveis pré-pandêmicos na ajuda oficial da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Alimentação e Agricultura (FAO) e de programas de cooperação internacional.
“A América Latina e o Caribe vivem o paradoxo de ser o celeiro do mundo e conviver com a fome. A África atravessa crescimento econômico ao mesmo tempo em que registra aumento preocupante nos níveis de insegurança alimentar”, continuou Lula.
Além disso, o presidente citou os programas brasileiros de transferência de renda e agricultura familiar, considerados por ele como exemplos de medidas eficazes que levaram o Brasil a sair do Mapa da Fome. “Por isso, ampliar o financiamento ao desenvolvimento, reduzir os custos de empréstimos, aperfeiçoar sistemas tributários e aliviar a dívida dos países mais pobres são medidas cruciais. Não basta produzir. É preciso distribuir”, pontuou o petista.
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