Novo vídeo mostra sargento do Corpo de Bombeiros dando ‘mata-leão’ na ex-esposa na frente de crianças
Um vídeo divulgado nesta quinta (19) mostra o sargento do Corpo de Bombeiros Gilvan dando um golpe conhecido como ‘mata leão’ na jornalista Yara Ataide. Ela denunciou nas redes sociais ser vítima de violência pelo marido há pelo menos sete anos.
As novas imagens são de uma câmera de segurança e mostra que o golpe aconteceu na frente de crianças no momento em que eles saem do carro. A imagem registrada aponta que o vídeo foi gravado por volta das 17h40 da quarta-feira (18). A reportagem não conseguiu confirmar se trata da rua onde eles moravam e se as crianças são os filhos do casal.
Em entrevista para a TV Cidade Verde, a jornalista disse que as agressões começaram no início do relacionamento. Ela relata ter sofrido violência psicológica, agressões e até teve uma arma colocada na boca dela.
“Uma das primeiras agressões que ele fez contra mim, botou arma na minha boca. (…) Começou com agressões desse nível, com pequenas agressões, violência verbal, violência psicológica, sempre me colocando para baixo. Eu cheguei a pesar 90kg por depressão e ansiedade, por todos esses anos que eu vivi com ele. E sempre foi assim. Há duas semana a gente já estava separado, que foi justamente naquele dia do vídeo que eu postei nas minhas redes sociais. Ele já chegou a me bater quando eu tive minha bebê, eu ainda estava de fresguardo”, disse na entrevista.
Yara Ataide disse que, mesmo separada do sargento, ele continuava com as ameaças. Os dois estavam separados há cerca de dois meses e na noite de quarta-feira (18) o sargento teria ido à casa da vítima e a teria enforcado. Foi a partir daí que ela resolveu expor o caso.
“Ontem ele chegou na porta da minha casa, me agrediu mais uma vez, me enforcou na porta da minha casa, e eu já tinha dito para ele que se se existisse mais uma agressão eu não iria aceitar. E houve mais uma agressão, então eu decidi expor tudo porque ele não tem medo. Ele já me disse várias vezes. Eu tinha vários registros, inclusive ele já chegou a me dar uma coronhada na cabeça, tem uma marca aqui. Tinha vários registro, mas aí eu acabei apagando e tudo.”, explica.
Após a denúncia feita por meio das redes sociais, Yara relata ter recebido uma nova ameaça do ex-marido: “Ele me mandou um áudio hoje dizendo que se perder a farda eu vou pro fundo do poço com ele. Me ameaçando, ameaçando os meus filho”, conta.
Sargento já havia sido preso por porte ilegal de arma
O sargento identificado como Gilvan já havia sido preso por porte ilegal de arma, segundo o Corpo de Bombeiros. Na época, o sargento passou alguns dias na prisão do quartel, mas foi solto por habeas corpus. Administrativamente, ele não foi imputado. Sobre o ocorrido, Yara Ataide conta que na época o ex-marido chegou a aplicar violência psicológica contra ela.
“Quando ele foi preso em flagrante, em agosto do ano passado, ele me mandou altas mensagens dizendo pra mim pensar no casamento, para pensar nos filhos, que eu ia destruir a vida dele, que o sonho dele é essa farda, que ele só fala nessa farda, que ele não vai perder essa farda, não pode perder essa farda. Sempre isso, violência psicológica em alto grau comigo”, encerra.
Corpo de Bombeiros abre processo investigativo
À TV Cidade Verde, o coronel Egidio Leite, do Corpo de Bombeiros, esclareceu pontos a respeito do processo investigativo instaurado contra o sargento. A jornalista alega que o caso já havia sido denunciado ao Corpo de Bombeiros, mas nenhuma medida foi tomada.
“O alto comando efetivamente tomou conhecimento desse comportamento, a que é imputado a um de nossos sargentos, na noite de ontem para hoje de manhã. Como não poderia ser diferente ficou decidido que será aberto um processo para avaliar o comportamento do sargento a luz do cargo que ele possui e da conduta que ele vem adotando na sua vivencia em sociedade”, afirma o coronel.
O coronel esclareceu ainda que o sargento permanece na escala do Corpo de Bombeiros: “o que é imputado a ele não tem relação com o exercício do serviço, mas se entendermos que isso pode prejudicar fica aberto também o afastamento do serviço”, explica. Agora, com o procedimento instaurado pelo caso de violência doméstica, o sargento pode, em uma medida extrema, ser expulso da corporação.
“A princípio, a luz do que nós temos, será aberta uma sindicância. Essa sindicância pode desembocar em um IPM, em um processo administrativo disciplinar ou até mesmo em um conselho de disciplina. Esse seria o posicionamento mais extremado se entenderem suficiente, mas me parece que está sendo muito comum nesse tipo de comportamento de violência doméstica. O Conselho disciplinar se entender que o sargento não tem condições de continuar nas fileiras do Corpo de Bombeiros pode chegar ao ponto de ser excluído da corporação”, finaliza.
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