Passageira estima prejuízo de R$ 30 mil após cancelamento de voo no aeroporto de Teresina
Na fila diante do balcão das duas companhias aéreas envolvidas em um acidente, que resultou no cancelamento de dois voos em Teresina, os passageiros contabilizavam os prejuízos com a remarcação de suas passagens. Alguns deles terão que esperar até dois dias para embarcar para seus destinos.
A passageira Sara Nunes viajaria de Teresina com destino a Brasília, onde ela e outra colega de trabalho participariam de um curso de imersão.
“Eu e minha chefe deveríamos chegar em Brasília hoje para participar de um curso de imersão. O curso começaria hoje e seguiria até domingo (27). A empresa em que trabalhamos investiu mais de R$ 30 mil nessa operação, entre inscrição, passagens e hospedagem e a realocação que estão ofertando para nós é somente para sexta-feira. Assim perderíamos a metade do curso”, lamentou.
Os amigos Hércules Pereira do Nascimento, 20 anos, e Caic da Silva Araújo, 19 anos, trabalham em uma pizzaria em Campinas (SP). Os dois são do município de Lagoa do São Francisco, distante 194 quilômetros de Teresina, e fretaram um carro para chegar até a Capital, onde pegariam a aeronave com destino a São Paulo.
Foto: Renato Andrade / Cidadeverde.com
“Gastamos R$ 500 reais fretando um carro para estar aqui no horário da madrugada. Teríamos que nos apresentar para trabalhar amanhã, mas a passagem que nos ofereceram é somente para sexta-feira (25). Até lá não temos onde ficar. Não podemos voltar para a nossa cidade e daqui a dois dias vir para Teresina novamente”, explicou Caic.
Já Francisco Gabriel está numa situação ainda mais complicada. Ele está indo para Campinas (SP) assumir uma vaga de trabalho em uma indústria que atua no ramo de papel e celulose e não vai conseguir cumprir o prazo de chegada dado por seu novo empregador. Ele saiu de Piripiri, a cerca de 170 quilômetros de Teresina ontem (22), às 21h e desde a meia-noite aguardava pelo horário do embarque no aeroporto.
“O emprego já está certo, mas preciso chegar lá para fazer exames e assumir a vaga. E já no primeiro dia de trabalho vou falhar. Isso é ruim para gente que é trabalhador”, disse.
Eles estavam na aeronave da Azul e relembraram o momento do acidente.
“A maioria dos passageiros não viu o momento do choque, mas ouvimos o barulho e um senhor começou a gritar dizendo que as asas dos dois aviões se chocaram. Todos os passageiros começaram a gritar e o piloto só parou por conta disso. Ele não se deu conta que a asa estava danificada. Foi bem tenso”, relatou Hércules.
A professora de educação física Josiane dos Santos Silvino estava em um dos voos cancelados com sua sobrinha Pérola, de quatro anos, elas viajavam com destino ao Rio de Janeiro. As duas vieram de táxi da cidade de Codó (MA), a 171 km de Teresina (PI) e estão no aeroporto desde às 23h de ontem (22).
As passagens delas foram remarcadas para sexta-feira (25) e agora elas buscam uma forma de voltar para Codó.
Foto: Renato Andrade / Cidadeverde.com
“Eu preciso voltar para Codó por conta da minha sobrinha. Ela já está aqui há muito tempo e precisa descansar e se alimentar. Agora eu vou pegar um táxi para a rodoviária de Timon e de lá tentar um ônibus ou van para Codó. A companhia aérea simplesmente remarcou a passagem e nos deixou aqui à própria sorte”, lamentou.
O técnico em eletrônica, Pedro Mourão, chegou em Teresina na última segunda-feira (21) concluiu o serviço de manutenção para o qual foi contratado e estava voltando para Campinas (SP). A agenda de trabalho dos próximos dois dias, agora, está comprometida.
“Eu tenho atendimentos marcados para hoje e para amanhã em São Paulo. Dei sorte e consegui uma remarcação para a próxima madrugada. O nosso cliente precisa ser atendido com tempo determinado, se não cumprimos a nossa empresa perde e o cliente também perde dinheiro com suas máquinas paradas. Todo mundo perde. Os chamados estão abertos e eu estou preso aqui. A companhia aérea me deu um voucher de hotel, mas o hotel já está lotado. Vou tentar outra hospedagem aqui perto e pagar do meu próprio bolso”, disse.
cidade verde