Pobreza cai na Argentina e chega a 11,3 milhões em 2024, aponta Indec
A taxa de pobreza na Argentina recuou no segundo semestre de 2024, atingindo 38,1% da população, o equivalente a 11,3 milhões de pessoas, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec). O índice representa uma redução de 14,8 pontos percentuais em relação ao primeiro semestre do ano passado, quando mais da metade da população (52,9%) vivia nessa condição. Além disso, a taxa de indigência caiu de 18,1% para 8,2% no mesmo período.
Causas
O governo de Javier Milei atribui essa melhora ao controle da inflação, que no fim de 2023 ultrapassava 211% ao ano e, após sucessivos meses de desaceleração, fechou 2024 em 117,8%. A queda dos preços foi impulsionada pela contração da economia, consequência de um forte ajuste fiscal promovido pela atual administração. Entre as medidas adotadas estiveram o corte de subsídios, congelamento de obras públicas e privatizações de empresas estatais.
Mais afetados
Apesar da redução da pobreza geral, a situação ainda afeta fortemente os mais jovens. Dados do Indec mostram que 51,9% das crianças de 0 a 14 anos vivem abaixo da linha da pobreza. Na faixa de 15 a 29 anos, o índice é de 44,9%, enquanto entre os adultos de 30 a 64 anos, a taxa cai para 33,6%. Já entre os idosos acima de 65 anos, apenas 16% estão nessa condição.
Motosserra
O impacto do “Plano Motosserra” foi severo no início, resultando em inflação elevada e perda do poder de compra. A eliminação de subsídios à energia e transporte, aliada à desregulação de preços, fez com que a inflação disparasse nos primeiros meses do governo. No pico, registrado em março de 2024, a taxa anual chegou a 287,9%. Somente a partir de abril, com a contração econômica reduzindo o consumo, a inflação começou a desacelerar.
Retomada de emprego
O desemprego também aumentou nos primeiros meses da gestão Milei, impulsionado por cortes no setor público e retração do setor produtivo. No entanto, com a estabilização dos preços e uma economia mais previsível, a confiança dos consumidores começou a se recuperar, favorecendo uma retomada gradual da atividade econômica.
Desafio
Ainda assim, especialistas alertam que o desafio da Argentina não está apenas na estabilização da inflação, mas na retomada do crescimento sustentável. O alto custo social do ajuste fiscal trouxe dificuldades para grande parte da população, e a recuperação da renda das famílias dependerá da geração de empregos e do reaquecimento da economia nos próximos anos.
(Com informações do G1)