Reforma ministerial do Governo Lula se arrasta há meses e expõe fragilidade
Seis meses após as eleições municipais de 2024, a reforma ministerial prometida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não foi concluída, tornando-se um retrato da fragilidade política do governo na segunda metade do mandato. Inicialmente planejada para o fim do ano passado, a reestruturação da Esplanada dos Ministérios foi sendo adiada sucessivamente.
Em janeiro deste ano, o chefe da Casa Civil, Rui Costa, chegou a afirmar que Lula realizaria a reforma até o dia 21 daquele mês para aprimorar a gestão e preparar a base política para 2026. Contudo, apenas uma mudança significativa foi feita: Sidônio Palmeira assumiu a Secom no lugar de Paulo Pimenta. Outras substituições planejadas, inclusive de ministros criticados por Lula, não ocorreram.
Problemas como a cirurgia de emergência de Lula em dezembro, a crise provocada por boatos sobre a taxação do Pix e outros imprevistos desvirtuaram o foco da reforma. Em fevereiro, Lula iniciou mudanças internas no PT, demitindo Nísia Trindade da Saúde e colocando Alexandre Padilha no lugar, mas a movimentação política maior ficou estagnada.
A dificuldade para avançar na reforma também reflete o receio de desarranjo na base aliada e no próprio governo. Parlamentares do Centrão, por exemplo, demonstraram deslealdade ao assinarem requerimentos de urgência para projetos que poderiam beneficiar golpistas, gerando desconfiança sobre a fidelidade da base no Congresso.
Apesar dos obstáculos, aliados do presidente ainda demonstram otimismo, apostando na melhora da economia e nos índices de avaliação de Lula para consolidar o apoio político. O tempo, no entanto, pressiona, já que parlamentares que pretendem disputar as eleições de 2026 precisarão deixar seus cargos até abril do próximo ano, o que pode agravar ainda mais a dificuldade em montar uma nova equipe
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