Salários de políticos e juízes no Brasil superam 20 vezes a renda média da população
O Brasil está entre os países com maior desigualdade salarial entre integrantes do alto escalão do poder público e a população, segundo o Índice de Disparidade Salarial 2025, elaborado pelo grupo Livres e divulgado nesta semana. O estudo aponta que presidentes, deputados e magistrados federais chegam a receber mais de 20 vezes o salário médio dos brasileiros.
Em 2024, a renda domiciliar per capita nacional foi de R$ 2.069. No mesmo período, políticos do Executivo e Legislativo receberam, em média, R$ 44 mil, enquanto juízes federais alcançaram R$ 46 mil. Com a inclusão de verbas adicionais, a remuneração de magistrados pode chegar a R$ 84 mil, valor que ultrapassa o teto constitucional vigente.
Segundo Magno Karl, diretor-executivo do Grupo Livres, “a disparidade brasileira é aproximadamente 108% superior à média global, mesmo quando comparada a países com níveis de renda e desenvolvimento semelhantes”. O levantamento mostra que o presidente da República ganha 21,3 vezes a renda média da população, muito acima de vizinhos como Argentina (9,2) e Chile (10,3).
A desigualdade é ainda mais acentuada entre magistrados federais, podendo atingir 40,6 vezes a renda média, e casos extremos chegam a R$ 678 mil em apenas um mês, ou 339 vezes a renda per capita brasileira, um índice sem paralelo entre os países avaliados. O estudo ressalta que “o teto constitucional é uma peça de ficção”, evidenciando privilégios estruturais e a falta de mecanismos institucionais para conter aumentos.
Entre ministros do STF, TSE e STJ, os salários chegam a 22,4 vezes a renda média do brasileiro, enquanto na Suprema Corte do Reino Unido a diferença é de 11 vezes, e em países como Suíça e Alemanha, de apenas 6 vezes. No Legislativo, deputados federais brasileiros recebem 21,2 vezes mais que a renda média, contra 4,5 vezes na Argentina e 3,7 no Reino Unido.
A pesquisa utilizou dados da Pnad Contínua, do IBGE, e estatísticas oficiais de outros países. Auxílios e verbas indenizatórias, que frequentemente elevam a remuneração além do teto, não foram considerados no cálculo principal, mas o relatório destaca seu impacto. Especialistas afirmam que essa distância entre elite estatal e população compromete a capacidade do Estado de compreender, responder e se responsabilizar pelas demandas da sociedade.
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