China toma medida drástica e proíbe compra de qualquer produto relacionado a aves do Brasil
A Administração Geral de Alfândegas da China decidiu barrar toda a importação de carne de frango e seus derivados vindos do Brasil, em resposta aos focos recentes de gripe aviária registrados em território brasileiro. Além disso, o órgão exigiu fiscalização reforçada de navios que desembarquem no país carregando resíduos de origem animal e vegetal.
Impacto nas exportações brasileiras
O Brasil ocupa a posição de principal fornecedor de carne de frango para o mercado chinês. Só em 2024, segundo dados da Reuters, o país exportou aproximadamente US$ 10 bilhões em carne de frango para o exterior, o que representa 35% de toda a comercialização global da proteína.
Resposta sanitária: período de vazio
Na tentativa de conter o avanço da doença e restaurar a confiança dos parceiros internacionais, o Ministério da Agricultura determinou o início de um período de vazio sanitário de 28 dias, iniciado em 22 de maio. A contagem começou logo após a finalização da desinfecção em um matrizeiro de aves comerciais localizado em Montenegro (RS) — área onde o vírus foi detectado.
O procedimento é parte dos protocolos internacionais para declarar o encerramento de um surto. “Caso não haja registro de novos focos de gripe aviária nesse intervalo, o Brasil poderá se autodeclarar livre da doença naquela região”, informou o ministério em nota oficial.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, ressaltou que o Brasil está agindo com transparência e rigor:
“Com a força do sistema e a transparência nos procedimentos, conseguiremos comprovar a contenção do foco e negociar com nossos parceiros comerciais protocolos que evitem o bloqueio total das exportações”, afirmou.
Operação em Montenegro: ações no foco da doença
O surto foi confirmado no dia 16 de maio. Imediatamente, equipes do Serviço Veterinário Oficial iniciaram o trabalho de limpeza e descontaminação da granja. O processo incluiu a sanitização de galpões, aviários, ninhos, máquinas, vestiários, escritórios e almoxarifados, com a finalização ocorrendo na noite do dia 21 de maio.
De acordo com o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, o período de vazio sanitário é fundamental para assegurar a eficácia da resposta.
“Esse período é essencial para que possamos, de forma técnica e transparente, comprovar a contenção do vírus. Ao final desse prazo, se não houver novas ocorrências, o Brasil poderá se autodeclarar livre da doença naquela região”, explicou.
Ele ainda destacou: “Isso não apenas fortalece a credibilidade do nosso sistema sanitário, como também representa um passo fundamental para a reabertura de mercados e a normalização das exportações”.
Medidas de controle em campo
Para evitar a propagação do vírus, sete barreiras sanitárias foram montadas em pontos estratégicos da região: duas em um raio de três quilômetros e outras quatro em um raio de dez quilômetros do foco. Nessas áreas, veículos passam por procedimentos de desinfecção obrigatórios.
Além disso, todo o trânsito de animais e produtos derivados permanece sob controle, exigindo a emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA). Segundo o ministério, 540 propriedades rurais foram inspecionadas na área de 10 quilômetros ao redor da granja afetada. Destas, duas além do foco trabalham com avicultura comercial e também passaram por vistorias.
O trabalho de campo conta com o empenho de 25 equipes do serviço veterinário oficial, que seguem atuando para garantir o cumprimento do Plano Nacional de Contingência.
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